Sacramentos

O que é a Unção dos Enfermos?

A Unção dos enfermos, permite-nos ver concretamente a compaixão de Deus pelo homem. No passado era chamado "Extrema Unção", porque era entendido como conforto espiritual na iminência da morte. Porém, atualmente ao se falar em "Unção dos enfermos" ajuda-nos a alargar o olhar para a experiência da doença e do sofrimento, no horizonte da misericórdia de Deus. Pois, esta unção não é um sacramento só dos que estão no fim da vida mas de todo aquele que, por doença ou por velhice, comece a estar em perigo de morte. O ritual da Unção prevê também o sacramento para aqueles que não estão em perigo iminente de morte. Portanto, também para os que ainda não estão acamados, posto que sua doença não tenha atingido a fase aguda. “A Unção pode ser administrada também aos idosos, cuja existência está em sério declínio, ou àqueles que devem submeter-se a uma operação devido a doença que, de per si, coloca em perigo a vida” (Annibale Bugnini, Reforma Litúrgica, Paulus, Paulinas e Loyola, SP, 2018, p. 571).

Na presença de um doente, por vezes pensa-se: “chamemos o sacerdote para que venha”; “Não, dá azar, não o chamemos”, ou então, “o doente assusta-se”. Por que se pensa assim? Porque um pouco há a ideia de que depois do sacerdote venha à agência funerária. E isto não é verdade. O sacerdote vem para ajudar o doente ou o idoso; por isto é tão importante a visita dos sacerdotes aos doentes. É preciso chamar o sacerdote para junto do doente e dizer: “venha, dê-lhe a unção, abençoe-o”. É o próprio Jesus que chega para aliviar o doente, para lhe dar força, para lhe dar esperança, para o ajudar e também para lhe perdoar os pecados pois, é  a oração feita com fé que salvará o doente, “Algum de vós está doente? Chame os presbíteros da Igreja e que estes orem sobre ele, ungindo-o com óleo em nome do Senhor. A oração da fé salvará o doente e o Senhor o aliviará; e, se tiver cometido pecados, ser-lhe-ão perdoados” (Tg 5,14-15)

Um dos traços mais característicos de Jesus no Evangelho é que curava os doentes, dedicava-lhes o seu tempo, animava-os.

Este ministério curativo de Jesus tinha um sentido messiânico: era símbolo e sacramento do poder libertador integral que tinha como Messias. Assumindo as nossas debilidades em si mesmo – “(…) Ele tomou as nossas enfermidades e carregou as nossas dores” (Mt 8,17) – curava os males corporais e comunicava o perdão e a reconciliação com Deus.

A comunidade cristã recebeu o encargo de continuar com este ministério: “curai os doentes (…) e dizei-lhes: ‘O Reino de Deus já está próximo de vós’” (Lc 10,9), e com efeito “Eles partiram e pregavam o arrependimento, expulsavam numerosos demónios, ungiam com óleo muitos doentes e curavam-nos” (Mc 6,12-13).

Durante dois mil anos, a Igreja continuou a cuidar dos doentes em todas as dimensões, e também celebrando com eles este sacramento da Unção, dando-lhes a força e a graça na sua debilidade.

Em séculos sucessivos, sobretudo a partir do século IX, deslocou-se o sentido deste sacramento. Em vez de ser a graça curativa a aliviadora para os doentes, começou a considerar-se como sacramento dos moribundos, e passou a chamar-se “Extrema-Unção”. O Concílio Vaticano II quis que se voltasse a chamar “Unção dos Enfermos” com mais propriedade (cf. SC 73), e determinou uma reflexão e uma reforma na celebração do sacramento (cf. SC 74-75). Seguindo as orientações do Concílio Vaticano II, apareceu o novo Ritual em 1972, precedido da Constituição Apostólica de Paulo VI Sacram Unctionem Infirmorum, e dos Preliminares do Ritual da Unção e Pastoral dos Doentes, no final desse ano (cf. EDREL 972-1018). A Constituição Apostólica de Paulo VI Sacram Unctionem infirmorum trouxe maior elasticidade na disciplina até então vigente do sacramento. O sacramento da Unção dos enfermos poderá ser administrado mais de uma vez ao mesmo enfermo que já o tenha recebido, não somente se ele recai na doença, mas se o perigo que ele corre se torna mais grave.

Não se deve considerar a unção como um tabu, porque é sempre bom saber que no momento da dor e da doença não estamos sós.

Com efeito, o sacerdote e quantos estão presentes durante a Unção dos enfermos representam toda a comunidade cristã que, como um único corpo se estreita em volta de quem sofre e dos familiares, alimentando neles a fé e a esperança, e apoiando-os com a oração e com o calor fraterno. Mas o maior conforto provém do facto de que quem está presente no Sacramento é o próprio Senhor Jesus, que nos guia pela mão, nos acaricia como fazia com os doentes e nos recorda que já lhe pertencemos e que nada — nem sequer o mal nem a morte — jamais nos poderá separar d’Ele.

A Unção é o sacramento específico para os cristãos doentes. Os textos da celebração apresentam-no como o encontro sacramental com Cristo médico e pastor, que está próximo e continua a curar, aliviando e libertando do mal, “Pela santa Unção dos enfermos e pela oração dos presbíteros, toda a Igreja encomenda os doentes ao Senhor padecente e glorificado para que os salve (cfr. Tg 5, 14-16); mais ainda, exorta-os a que, associando-se livremente à Paixão e morte de Cristo (cfr. Rom. 8, 17; Cl 1, 24; 2 Tim. 11,12; 1 Pe 4 ,13), concorram para o bem do Povo de Deus” (Constituição Dogmática, Lumen Gentium, 11).

Este sacramento não é só para quem se encontra nos últimos momentos da sua vida, mas também para todo o cristão que, “[comece] por doença ou por velhice, a estar em perigo de morte” (Constituição Conciliar, Sacrosanctum Concilium 73), ou como diz o Ritual “aos fiéis gravemente doentes” (n.º 8), incluídos os anciãos “quer em razão da própria enfermidade, quer em razão da idade avançada” (n.º 8). O ministro da Unção é só o sacerdote, embora na história dos primeiros séculos também fosse administrada pelos leigos.

Os efeitos do sacramento descrevem-nos bem os próprios textos. Enquanto o unge, o ministro diz ao doente: “Por esta Santa Unção e pela sua infinita misericórdia, o Senhor venha em teu auxílio com a graça do Espírito Santo, para que, liberto dos teus pecados, Ele te salve e, na sua bondade, alivie os teus sofrimentos.” O efeito identifica-se com a “graça do Espírito”: “Cristo, Redentor do mundo, nós Vos pedimos: curai pela graça do Espírito Santo a fraqueza deste doente, sarai (…) perdoai (…) tirai-lhe todas as dores (…) restituí-lhe a saúde interior e exterior (…).” (n.º 77).

Uma novidade do Ritual pós-conciliar foi a possibilidade da celebração colectiva da Unção dos Doentes (nn. 83-92), por exemplo, num dos domingos da Páscoa.

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